“I Xornadas de Oficios Artesanais”

Estimada/o amiga/o:

Compráceme pórme de novo en contacto contigo para convidarte ás “I Xornadas de Oficios Artesanais”, organizada pola Asociación Cultural Arumes do Corgo e dedicada nesta primeira edición a “O tecido”.

As xornadas terán lugar no Centro Sociocultural do Corgo, do 18 ao 22 de marzo de 2008, en horario de mañá (de 11:00 a 14:00 h) e tarde (17:00 a 20:00 h), sendo abertas e gratuitas a todos cantos lles interese.

De martes a sábado haberá unha exposición de todo o material empregado na elaboración de tecidos, especialmente do liño. Nesta exposición amosarémosvos:
• O proceso de sementeira, recollida, preparación e conversión da planta de liño en fío.
• As ferramentas empregadas neste oficio: teares, lanzadeiras, caneleiras, sarillos…
• O proceso de realización dunha tea.

A maiores o xoves e o venres haberá unha demostración práctica de artesanía téxtil (proxecto, elaboración de urdime, distribución en pre-peite, atado e tensión de urdime…) a cargo de Carmen Pano, acompañada dunha proxección sobre o tema.

Agardo que estas primeiras xornadas de oficios tradicionais che resulten de interese e que sirvan de homenaxe ás moitas mulleres que no noso concello exerceron esta profesión.

Agradeceríache que espallases a información entre todas aquelas persoas que puideran estar interesadas.

Recibe unha forte aperta:

Mario Otero Iglesias
Secretario da A.C. Arumes



O liño
(en portugués)

As ocupaçoes que o linho proporciona sâo motivo de festas… Aí por Maio semeiase, de prefêrencia, em terras chairas, de regadio. A terra bem cavada e estercada é achairada com um engaço. Estáa pronta a receber a linhaça, que debe ser semeada muito basta, para nâo cair o liño. Ao nascer é preciso mondá-lo e regá-lo amiúde. No dia de S. Joâo espeta-se como em todas as culturas um ramo desabugueiro, ou um S. Joâo para que este santo proteja a cultura. Tem virtude a orvalhada de S. Joâo, por isso recomendam rebolar-se a gente no linho, antes e nascer o Sol, talhar a camisa. Aí por Junho, faz-se a arranca do linho. Chamam-se as moças para o arrancar e moços para o ripar. Os moços juntam os braçados de linho que as mulheres arrancam e colocam-no perto do ripo. Enquanto nâo têm que ripar passam o tempo a meter-se com as moças a treparlhes o linho, para lhes darem mais que fazer.

Para ripar o linho, há o ripo. Um banco de 2,50 metros com enorme pente de madeira, ou de ferro, no sentido vertical. Sentam-se os ripadores, um de cada lado de cachapernas e cada um pega no linho pelo lado da raiz e bate-o alternativamente contra o pente, puxando, para que o baganho se desprenda, caindo para o châo, atarapetado com mantôes de farrapos. Depois de ripado vamos empoça-lo no rio. Carrega-se num carro de vacas ou mais, e vamos para o rio ou regato. É uma festa. Os moços e moças vâo gostosos ao rio onde brincam, fazendo que se agarram e afogam. Alguns é o único dia do ano em que dâo banho, especialmente as velhas. Uma vez no rio, e escolhido o poço para empoçar, o linho coloca-se no leito do rio, com grandes pedras em cima, para a torrente nâo fugir com os molhos. Tem de estar no rio cerca de 40 dias para que coza e apodreça a casa.

Pôe-se a secar na eira, até abrir com o calor e soltar a linhaça. Já seco vai servir para encher travesseiros e colchòes. A linhaça, depois de limpa, uma parte vende-se, outra guarda-se prà semente e outra para remédios caseiros, as célebres papas de linhaça. O linho costumam pô-lo a secar 15 dias, depois de empoçar. Está 8 dias a secar e vai a empoçar mais 8 dias. Findos os quais volta a secar na eira ou no lameiro, perto do rio. Uma vez seco, pode-se maçar. O lugar de maçar sào os maçadoiros comunitários, pedras lisas e compridas que possam servir de assento para a mulher que segura o linho.

Servem de maçadouro em casa as parrogueiras da cozinha, e ao ar livre os assentos ou muros das eiras e dos adros. Há pedras que têm desde sempre o nome de maçadoiroem várias terras. Cada mâo de linho é uma manada, que despois de maçada se coloca aos pares, até fazer doze pares, 24 manadas, que fazem um afusal que é atado com um bancelho de palha. Antes de atar o afusal, deluba-se, para saírem as arestas e facilitar mais o espadar. O acto de debular é difícil, pois é preciso segurar as duas pontas, com as duas mâos, e esfregar o linho até largar a parte lenhosa ou arestas.

Vem o Inverno das noites grandes. Chamam-se umas poucas mulheres para atascar, esbouriçar ou espadar o linho. Cada mulher leva os seus tarabelos, espadela e espadeleiro ou cortiço. Dentro de uma corte ou curral, e cada uma à volta, junto das paredes e a candeia no meio. Os moços entretêm-se, sâo os que dâo as primeiras espadadelas, “amansam as ´strigas”, pois ao princípio estâo duras. Outros cá de fora pôem cheiroças às mulheres, como na pisada do vinho. Depois sâo as moças e mulheres que fazem o resto. O espadeleiro é uma tábua de meio metro de alto, larga na coroa e mais estreita no pé, cravada numa base em sentido perpendicular. A espadela é uma espécie de facalhâo, ou catana, de pau de nogueira, ou carvalho, com uma abertura no extremo, para meter a mâo. Tem uma parte afiada e a outra mais grossa. Com aquela bate-se no linho que cai de lado no espadeleiro ou cortiço, segurado com a mâo esquerda. As mulheres, de joelhos, vâo espadelando as estrigas, até caírem todos os tomentos. Os tomentos que caem sâo ainda aproveitados conforme se vai espadando, juntam-se à estriga. Na segunda volta, ou seja, na limpa, separam-se os tomentos de linho bom.

A 1ª vez que se asseda, tiram-lhe os cabeços, a estopa máis grosa, que servirá para os lençois, para tenais nas eiras. A outra parte da estopa, mais fina, é para saias de mandil, lençois para a cama. O que fica depois da asseda do linho é a fina estriga que servirá para fiar e tecer lençois finos, camisas de homem e mulher, calças para as festas, etc.